Biblioteca do Observatório Céu Austral

 

 

Por que Marte é vermelho?

por Regina Auxiliadora Atulim

 

Na Antigüidade, o planeta Marte foi associado a deuses da guerra e a atividades bélicas devido à coloração avermelhada que exibe. Os gregos antigos o chamavam de Ares e, pelo fato de apresentar a mesma cor da principal estrela da constelação de Scorpius, o Escorpião, atribuíram a essa estrela o nome Antares (anti-Ares), a rival de Ares, designação utilizada até hoje.

Após a dominação romana, o deus Ares passou a ser chamado Marte e seu nome foi estendido ao planeta. Hoje em dia, usamos a nomenclatura dos deuses romanos para designar os planetas do Sistema Solar.

Atualmente, sabemos que o planeta é visto com uma coloração avermelhada no céu porque sua superfície é quase que totalmente coberta por materiais com tonalidades que vão desde alaranjado claro até ao marrom.

A principal substância que compõe a superfície marciana é o ferro, mais precisamente, o óxido de ferro, substância popularmente conhecida como ferrugem.

Acredita-se que, num passado distante, os átomos de ferro presentes na superfície reagiram quimicamente com os átomos de oxigênio presentes na atmosfera primitiva de Marte, transformando-se em ferrugem.

Os vários tons de laranja observados nas imagens das sondas espaciais podem estar relacionados a três fatores:

 

diferentes graus de oxidação do ferro (quanto mais oxidado, mais claro);

diferentes tipos de óxidos de ferro (hematita, magnetita, ghoetita);

diferentes graus de granulação do mineral (*)

 

Além das áreas avermelhadas, a superfície marciana conta com outras bem escuras e algumas esbranquiçadas. As regiões escuras, interpretadas no passado como mares ou florestas, são, na verdade, recobertas por material de origem vulcânica, provavelmente, rochas basálticas.

As áreas esbranquiçadas, antigamente, eram entendidas como coberturas de gelo de água, principalmente nas regiões polares. Durante o inverno, a calota polar torna-se bastante extensa, diminuindo com a aproximação do verão, fato que levou os astrônomos do passado imaginarem que a água resultante do degelo escoasse pela rede de “canais” que supostamente cruzava o planeta.

As primeiras sondas da série Mariner, na década de 1960, entretanto, detectaram a presença de dióxido de carbono, o popular gelo seco, nessas regiões esbranquiçadas. Recentemente, a sonda Mars Odissey revelou além de gás carbônico, a presença de traços de água congelada nas calotas polares durante o inverno.

Embora a cor de Marte nada tenha a ver com o sangue derramado em batalhas, como associavam os povos antigos, é interessante notar o fato do sangue humano ter ferro em sua composição e ser também vermelho.

 

(*) a hematita, por exemplo, apresenta cor acinzentada quando seus grãos têm diâmetros da ordem de alguns micrômetros; entretanto, se triturada em grãos centenas de vezes menores, a observamos avermelhada, pois pequenos grãos espalham mais eficientemente a luz vermelha que grãos maiores.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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