Biblioteca do Observatório Céu Austral

 

 

Júpiter, o gigante dos mundos

por Regina Auxiliadora Atulim

 

É o quinto planeta por ordem de afastamento ao Sol. A uma distância média de 780 milhões de km do astro-rei, emprega cerca de 12 anos para completar uma translação.

Por ser um planeta exterior, pode ser observado até mesmo durante toda a noite, quando está próximo da oposição, época em que nasce ao pôr-do-Sol e se põe ao amanhecer.

Conhecido desde a Antigüidade por apresentar um brilho muito intenso, Júpiter foi um dos primeiros astros do Sistema Solar a ser observado por um instrumento óptico. Em 1610, Galileu Galilei constatou a presença de quatro astros girando ao redor de Júpiter, uma das evidências usadas para suplantar o sistema geocêntrico.

Júpiter é gigantesco: com um volume 1.400 vezes maior que o da Terra, e massa maior que a de todos os outros planetas reunidos, é o maior planeta do Sistema Solar.  Por apresentar uma densidade média bastante reduzida, apenas 1,3 g/cm3, é classificado como gigante gasoso ou joviano, juntamente com Saturno, Urano e Netuno.

Seu movimento de rotação é bastante rápido, empregando cerca de 10h para completar uma volta em torno de si mesmo. Mas, como não é um corpo rígido, sua rotação se processa a velocidades diferentes dependendo da latitude, sendo mais rápida no equador e menor em latitudes maiores. A rotação diferencial é um indício de que o disco visível não corresponde a uma superfície sólida.

 

Estrutura interna

 

Júpiter é um planeta praticamente gasoso e líquido, apresentando um pequeno núcleo sólido, do tamanho da Terra e formado por rochas, metais e compostos de hidrogênio, submetidos a altíssimas pressões e temperaturas. Envolvendo o núcleo, existe uma extensa camada líquida de hidrogênio metálico, com cerca de 45.000 km de espessura. À medida que a pressão e a temperatura diminuem em direção à superfície, o hidrogênio assume a forma molecular e, juntamente com o hélio formam um manto líquido que gradualmente converte-se em uma camada gasosa.

 

Atmosfera

 

Constitui-se de 82% de hidrogênio, 17% de hélio e 1% de outras substâncias como metano, gás amoníaco e vapor d'água. Exibe intensa atividade, como tempestades, furacões, auroras e descargas elétricas. As nuvens apresentam-se sob a forma de faixas coloridas devido à presença de traços de substâncias contendo fósforo e enxofre. As faixas dispõem-se paralelamente ao equador do planeta e são o resultado do "esticamento" dos topos de colunas de convecção pelo rápido movimento de rotação do planeta. A convecção é responsável por trazer os gases aquecidos das regiões mais profundas (regiões claras - zonas) que se resfriam e são devolvidas para baixo (regiões escuras - cinturões).

Um dos fenômenos meteorológicos mais conhecidos da atmosfera joviana é a Grande Mancha Vermelha, observada desde o século XVII. A GMV é um imenso anticiclone com cerca de três vezes o diâmetro da Terra. Ela apresenta um movimento próprio em longitude no mesmo sentido do movimento de rotação do planeta, mas mantém-se em torno de 22° de latitude sul.

Acredita-se que a turbulência gerada no limite entre as zonas e cinturões é a causa da formação desses grandes redemoinhos que não encontram a resistência de um relevo acidentado para dissipar sua energia, como ocorre na Terra.

 

Campo magnético

 

Detectado em 1955, o campo magnético joviano origina-se das correntes elétricas geradas pelos elétrons livres presentes na camada de hidrogênio metálico, devido ao rápido movimento de rotação do planeta. Ele é cerca de 20.000 vezes mais intenso que o terrestre, mas pelo fato do planeta ter um diâmetro 11 vezes maior que o da Terra, a intensidade do campo no equador joviano é apenas 10 vezes maior que a do campo no equador terrestre. A captura de partículas carregadas provenientes, sobretudo, do vento solar, espiralam em direção aos pólos magnéticos e dão origem a intensas auroras polares.

 

Anéis

 

Em 1979, a Voyager 1 descobriu um sistema de três finos anéis em torno de Júpiter. Situado muito próximo ao plano do equador do planeta, o anel mais interno recebeu o nome Halo. Estende-se por cerca de 30.000 km e tem uma espessura de 12.500 km. O central, chamado anel Principal (Main), tem uma largura de apenas 6.500 km e sua espessura varia de 30 a 300 km. O anel externo, chamado Difuso (Gossamer), é muito mais largo, estendendo-se por aproximadamente 160.000 km e apresentando espessuras que variam de 2.000 a 8.000 km.

Os anéis constituem-se de pequeninas partículas de poeira, possivelmente originadas pelo impacto de meteoróides com os satélites mais internos de Júpiter.

 

Satélites

 

Até 2007, Júpiter contava com 63 satélites naturais confirmados.

Os principais e mais importantes são Io, Europa, Ganimedes e Calisto, descobertos por Galileu Galilei em 1610 e facilmente observados por um pequeno telescópio ou binóculo.

Io, o galileano mais proximo de Júpiter é um satélite peculiar, pois as Voyagers, em 1979, detectaram a presença de oito vulcões em atividade, fato inédito fora da Terra.

Europa é um astro cuja superfície é destituída de grandes acidentes de relevo, indicando que algum tipo de atividade geológica é capaz de recobrir as formações de relevo mais antigas.

Ganimedes é o maior dos galileanos e também o maior satélite do Sistema Solar. Sua crosta apresenta regiões escuras e planas com alta densidade de crateras e outras, mais claras, com muitas ondulações e depressões.

Calisto é praticamente do tamanho de Mercúrio. Apresenta uma superfície repleta de crateras, sugerindo a ausência de atividade geológica. Constituído por material rochoso e gases congelados, também não apresenta traços de atmosfera como todos os outros.

Curiosamente, os 8 mais próximos ao planeta movem-se, no sentido direto, em órbitas praticamente circulares e coplanares ao equador de Júpiter e são chamados satélites regulares. Os outros ocupam órbitas mais excêntricas e inclinadas em relação ao plano equatorial. A maioria apresenta pequenas dimensões e formatos irregulares.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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