Biblioteca do Observatório Céu Austral

 

 

A nomenclatura dos cometas

por Regina Auxiliadora Atulim

 

Até 1759, os cometas eram diferenciados pelo ano em que eram observados, por exemplo, o cometa de 371 a.C., o de 455, o cometa de 1528, etc. Após o sucesso do trabalho de Edmund Halley (1656 - 1742) (*), os cometas passaram a ser designados como “pertencentes” aos astrônomos que os estudaram: cometa de Halley, cometa de Encke, etc.

 

A partir do final do século XIX, os astrônomos tomaram por costume emprestar aos cometas os nomes de seus descobridores: cometa Halley, cometa Tempel-Swift-LINEAR, cometa Pons-Winnecke, etc. (a nomenclatura permite agregar os nomes de até 3 descobridores e/ou projeto que o detectou).

 

Paralelamente, foi desenvolvido um sistema no qual, ao ser descoberto, um cometa recebia uma designação provisória (ano da descoberta + letra minúscula do alfabeto latino que indicava a ordem da descoberta) e, após o cálculo de seus elementos orbitais, uma designação definitiva (ano da passagem pelo periélio + número em algarismos romanos que indicava a ordem da passagem pelo periélio).

 

Ex.: o cometa 1956h, o oitavo descoberto em 1956 (designação provisória) passou a ser o 1957 III, o terceiro a passar pelo periélio em 1957 (designação definitiva). Esse sistema de nomenclatura foi oficialmente utilizado até meados da década de 1990.

 

Com o intuito de normatizar a nomenclatura e evitar confusões entre cometas e asteróides, astros difíceis de serem distinguidos quando estão distantes do Sol, a IAU estabeleceu que, a partir de janeiro de 1995, os cometas seriam designados pela seguinte nomenclatura:

 

ao ser descoberto, o cometa recebe uma designação composta pelo ano da descoberta mais uma letra maiúscula do alfabeto latino que indica a quinzena do ano em que ocorreu a descoberta: A - 1ª quinzena de janeiro, B - 2ª quinzena de janeiro, C - 1ª quinzena de fevereiro, D - 2ª quinzena de fevereiro e assim por diante, lembrando que as letras I e Z não são utilizadas. Após a letra, um número arábico indica a ordem da descoberta na quinzena (1973 E1 - primeiro cometa descoberto na 5ª quinzena de 1973 ou 1ª quinzena de março de 1973). Essa designação vem precedida de:

 

C/ - se o cometa é não periódico (passagem única pelo periélio): C/2002 X16

 

P/: se o cometa é de curto período (P < 200 anos) com pelo menos duas passagens pelo periélio já observadas ou não periódico com P < 30 anos: P/2000 S4

 

D/: se o cometa é de curto período mas seu retorno não pode ser previsto com precisão ou se ele é considerado perdido: D/1916 D1

 

Para cometas periódicos, a designação vem, ainda, precedida de um número que indica a ordem em que foram (e serão) confirmadas suas descobertas, após retornarem ao periélio duas ou mais vezes: 1P/1682Q1, 11P/2001 X3, 158P/1979 O1, etc.

 

Algumas formas variantes são permitidas, como utilizar a designação acima seguida do nome popular do cometa entre parêntesis: C/2004 C1 (Larsen), C/1998 J3 (SOHO), 158P/1979 O1 (Kowal-LINEAR), etc. Para cometas periódicos bem conhecidos, é permitido utilizar somente o número de ordem e o nome: 1P/Halley, 57P/du Toit-Neujmin-Delporte, 3D/Biela, etc.

 

Se o cometa apresenta-se fragmentado, a designação é acrescida de traço mais uma letra maiúscula do alfabeto latino (com exceção da letra I), que individualiza cada fragmento: D/1993 F2-A, D/1993 F2-B, ..... D/1993 F2-W.

 

No caso de cometas anteriores a 1995, a IAU recomenda o uso das nomenclaturas nova e antiga, para facilitar a identificação do astro: C/1973 E1 (Kohoutek = 1973XII = 1973f).

 

(*) Em 1682, constatou que os cometas de 1531, de 1607 e de 1682 eram visões do mesmo astro e que ele retornaria em 1758.

 

 

 

 

 

 

 

 

gravura sobre o cometa de 1528

 

 

 

 

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