Biblioteca do Observatório Céu Austral

 

 

O Planetário de Moscou

por Regina Auxiliadora Atulim

 

O ano: 1928

O local: Europa Oriental

 

No equinócio de outono, num dia cinzento e frio, foi lançada a pedra fundamental de um dos mais importantes patrimônios culturais da Rússia. Com uma arquitetura arrojada e imponente, após pouco mais de um ano, em 05 de novembro de 1929, a Prefeitura da maior cidade russa inaugurou o Planetário de Moscou.

 

Equipado com um moderníssimo projetor Zeiss (posteriormente designado de modelo II pela Karl Zeiss Oberckochen), tornou-se, já nos primeiros anos de existência, um importante centro de popularização das ciências naturais, reconhecido pelo público e pela imprensa.

 

No período anterior à Segunda Guerra Mundial, pesquisadores importantes como Sergei Korolev (*) e Andrei Sakharov (**) foram assíduos freqüentadores e apaixonaram-se pela ciência após visitarem suas instalações e participarem das reuniões de grupos amadores.

 

No solstício de verão de 1941, início da chamada "grande guerra patriótica", o Planetário forneceu também apresentações especiais aos militares e assistência às tropas, tendo permanecido fechado apenas por dois meses nesse período.(***)

 

Após a guerra, durante as várias décadas em que esteve em funcionamento, as atividades foram ampliadas, os temas das apresentações passaram a ser mais diversificados e a Instituição manteve-se como um importante centro de divulgação científica para crianças e adultos e como referência para clubes e associações de amadores de Astronomia.

 

Em 1977, o antigo projetor Zeiss foi substituído por um moderno projetor modelo Cosmorama, da Karl Zeiss Jena, especialmente desenvolvido para Moscou, o que contribuiu para uma melhoria técnica da qualidade dos serviços prestados pela Instituição.

 

Com o fim da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e a "democratização" do socialismo, o Planetário de Moscou passou por importantes e decisivas modificações: a Instituição foi privatizada e os recursos... desapareceram. O edifício foi se deteriorando e fechou suas portas em 1994. Os equipamentos foram colocados em depósitos ou emprestados, as associações de amadores foram pulverizadas (pela falta do agente aglutinador) e, apesar dos protestos dos astrônomos amadores e profissionais, nada foi feito.

 

Quase 10 anos depois, a Prefeitura de Moscou parece ter desistido de contar com a iniciativa privada e resolveu colocar no orçamento a quantia de U$ 20 milhões para a recuperação e ampliação do edifício, que deverá contar com novas salas de aulas, um novo museu, cúpulas para telescópios, área de estacionamento, etc. Infelizmente, ainda não há verbas para um novo projetor, periféricos e outros equipamentos necessários, avaliados em cerca de U$ 10 milhões.

 

(*) Sergei Korolev: precursor do programa espacial soviético que, na década de 1930, participava de reuniões da Sociedade para o Estudo de Foguetes que ocorriam no Planetário de Moscou.

(**) Andrei Sakharov (1921-1989): físico, principal pesquisador da bomba de hidrogênio soviética, ganhou o prêmio Nobel da Paz em 1975.

(***) Nos primeiros anos de guerra, vários expositores do Planetário foram convocados para servirem no front. Muitos pereceram nos campos de batalha.

 

 

 

 

 

 

 

 

Planetário de Moscou

 

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