Chuvas de meteoros em Novembro
Em novembro manifestam-se vários radiantes meteóricos. Dentre as chuvas mais importantes destacamos a Biélida, a Taurídea e a Leonídea.
a) a Biélida é uma chuva associada à fragmentação do cometa Biela. Nas aparições de 1846 e 1852, o cometa Biela surgiu dividido em duas partes; posteriormente, em 1859 e 1866, ele desapareceu. Em 1872, nova época de retorno do astro, foi notada uma chuva de meteoros na noite de 27 de novembro, com taxa calculada em 120 meteoros por minuto (ou taxa horária de 7.200 meteoros). Alguns astrônomos acreditam que o total de meteoros observados naquela noite foi de 160.000. Em 1885, novamente na noite de 27 de novembro, outra ocorrência da chuva de forma espetacular com estimativas de 10 mil meteoros por hora. Desde então, as poucas manifestações registradas apontam para uma quase extinção da chuva. Atualmente, alguns observadores relatam o surgimento de 3 a 7 meteoros por hora, na atual data do máximo (14 de novembro), concentrados em um intervalo de tempo de apenas 5 horas. O radiante, ponto do céu de onde parecerão provir os meteoros, situa-se na posição: Ascensão Reta = 01h 40min e Declinação = +44°. Os poucos meteoros, vistos no período de 5 a 27 de novembro, são lentos e predominante avermelhados. Em meados de Novembro, a área do radiante surge a nordeste por volta das 20h e se põe a noroeste em torno da 1h. Atinge sua altura máxima às 23h, ao norte, à meia altura em relação ao horizonte.
b) a Taurídea é descrita como uma chuva de ocorrência anual. Os estudos detalhados levam à conclusão de que ela deve possuir radiante duplo, denominados austral e boreal, ambos próximos à Eclíptica. Mesmo com vários anos de pesquisas, muitos dados permanecem incertos, principalmente os períodos de ocorrência de meteoros e as taxas horárias de cada radiante. A seguir indicamos algumas características de cada um deles. 1) radiante austral (Taurídea Austral): localiza-se nas imediações de Aldebaran (Alpha Tauri), na posição: Ascensão Reta = 3h28min e Declinação = +13°. Em 5 de novembro, data da máxima ocorrência, as taxas horárias esperadas estão em torno dos 10 meteoros. 2) radiante boreal (Taurídea Boreal): situa-se nas proximidades do aglomerado aberto das Plêiades, na posição: Ascensão Reta = 3h 52min e Declinação = + 22°. As taxas horárias esperadas são da ordem dos 8 meteoros na data de máxima ocorrência (12 de novembro). Os meteoros dos dois radiantes são lentos, de longa duração e brilhantes (ideais para a fotografia). A chuva possui a reputação de apresentar muitos fireballs espetaculares e bólidos extremamente brilhantes. A coloração predominante é a amarela, mas alguns são alaranjados, avermelhados e verdes. No início de Novembro, os radiantes são vistos a partir das 21h, a nordeste, e culminam por volta da 1h. A observação pode prosseguir até o nascer do Sol, quando encontram-se a noroeste.
c) a Leonídea é descrita na literatura como um dos espetáculos mais fascinantes que o céu oferece. Nas suas diversas aparições, a data do máximo de meteoros apresentou certa flutuação, provavelmente pelo fato do cinturão de meteoróides que a produz ter sofrido perturbações gravitacionais dos grandes planetas, sendo o dia 17, o mais freqüente. Seu período de ocorrência estende-se de 10 a 20 de novembro e a taxa horária de meteoros deve se situar em torno dos 25 meteoros, ao contrário dos anos de 1998, 1999 e 2000, onde foram notadas grandes taxas em função de encontros mais favoráveis entre a Terra e o cinturão de partículas. Na realidade, a cada 33 anos, aproximadamente, as chuvas são mais intensas, fato relacionado ao período orbital do cometa ao qual os leonídeos estão associados: o 55P/Tempel-Tuttle, cujo período é de cerca de 33,17 anos. Sua mais recente passagem pelo periélio ocorreu em fevereiro de 1998. As taxas horárias foram de 360 meteoros em 1998, 3.700 meteoros em 1999 e 480 meteoros em 2000. A Leonídea foi responsável por fantásticos espetáculos em anos passados, como em 1799, quando foi descrita com detalhes por Humboldt que se encontrava na Venezuela. De acordo com suas anotações, os meteoros eram incontáveis e, em certos momentos, haviam mais meteoros no céu do que estrelas brilhando. Em 1833, os habitantes do hemisfério norte foram surpreendidos por uma chuva bastante intensa. A taxa horária média foi estimada em 15.000 meteoros. Outras ocorrências semelhantes aconteceram em 1866, 1933, 1966 e, recentemente, em 1999. O radiante da Leonídea, situa-se na posição: Ascensão Reta = 10h 12min e Declinação = +22°, nas vizinhanças da estrela Algeiba (Gamma Leonis). Os leonídeos são meteoros muito rápidos, freqüentemente apresentam rastros finos e persistentes e exibem duas colorações predominantes: verde e amarela. Em meados de Novembro, o radiante eleva-se a nordeste por volta da 1h 40min e permanece visível até o amanhecer.
resumo extraído de "Chuvas de Meteoros - Guia Prático de Observação" de autoria de Paulo G. Varella e Regina A. Atulim
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