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Biblioteca do Observatório Céu Austral
Impactos meteoríticos - a escala de Torino por Regina Auxiliadora Atulim A descoberta de uma grande
quantidade de NEO’s (Near Earth Objects) tem gerado grande apreensão sobre a
possibilidade deles se chocarem com a Terra. A mídia, intencionalmente ou
não, divulgando notícias alarmistas sobre possíveis impactos, acaba
assustando a população menos informada. Para minimizar falhas de
interpretação e padronizar as informações sobre as aproximações de
asteróides, meteoróides e cometas com a Terra, o professor Richard P. Binzel,
do MIT (Massachussets Institute of Technology), desenvolveu um trabalho no
qual relacionou a probabilidade de um impacto e o nível de devastação que tal
impacto provocaria com um número, tal como a escala Richter descreve o grau
de devastação de um terremoto. Seu trabalho, publicado em
1997 nos Anais da Academia de Ciências de Nova Iorque (EUA), foi revisado e
apresentado em junho de 1999 na Conferência Internacional sobre NEO’s na
cidade de Turim, Itália, onde foi reconhecido e aceito internacionalmente
como um instrumento de comunicação séria entre a comunidade astronômica e o
público sobre as previsões de impactos de NEO’s com a Terra durante o século
XXI. Nessa ocasião, seu trabalho foi batizado com o nome Escala de Torino
(nome da cidade em italiano). A escala é graduada de 0 a 10
e é, também, codificada por cores, associadas aos números, como mostra a
figura: BRANCA (0): "eventos não têm conseqüências
práticas" A chance de uma colisão é zero
ou está bem abaixo da probabilidade de um objeto aleatório de mesmo tamanho
se chocar com a Terra nas próximas décadas. Esta designação também se aplica
a qualquer pequeno objeto que, numa colisão, se volatilizaria na atmosfera antes
de alcançar a superfície. VERDE
(1): "eventos
merecem monitoramento" A chance de uma colisão é
extremamente improvável, aproximadamente a mesma de um objeto aleatório de
mesmo tamanho se chocar com a Terra nas próximas décadas. Entretanto, é
prudente monitorar os objetos a fim de refinar as chances de colisão, o que
pode até resultar em uma reclassificação para nível zero. AMARELA
(2, 3, 4): "eventos
merecem preocupação e monitoramento cuidadoso". Refere-se a passagens
próximas de objetos cujas chances de colisão são mais altas que os níveis
normais de ocorrência em algumas décadas. (2): Apesar das passagens
próximas à Terra serem comuns, as chances de colisão são muito improváveis. (3): Uma passagem próxima com
probabilidade de 1% ou mais de ocorrer uma colisão capaz de causar destruição
localizada. (4): Uma passagem próxima com
probabilidade de 1% ou mais de ocorrer uma colisão capaz de causar devastação
regional. LARANJA (5, 6, 7):
"eventos ameaçadores". Refere-se a encontros próximos com objetos
suficientemente grandes para causarem destruição regional ou global cujas
chances de colisão são mais altas que os níveis normais de ocorrência em um
dado século. O refinamento dos elementos orbitais e a monitoração desses
objetos são prioritários. (5): Uma passagem próxima com
uma probabilidade significativa de ocorrer uma colisão capaz de causar
devastação regional. (6): Uma passagem próxima com
probabilidade significativa de ocorrer uma colisão capaz de causar uma
catástrofe global. (7): Uma passagem próxima com uma
probabilidade extremamente grande de ocorrer uma colisão capaz de causar
catástrofe global. VERMELHA (8, 9 ,10):
"colisões certas". Refere-se a objetos com grande probabilidade de
colisão, de dimensões suficientes para causar danos locais, devastação
regional ou catástrofe global. (8): Colisão certa capaz de
causar destruição localizada, ocorre em algum lugar da Terra num intervalo
entre 50 e 1.000 anos. (9): Colisão certa capaz de
causar devastação regional, ocorre num intervalo entre 1.000 e 100.000 anos. (10): Colisão certa capaz de
causar catástrofe climática global, ocorre num intervalo a 100.000 anos. Para classificar um objeto em
uma das categorias é necessário conhecer sua energia cinética e a
probabilidade de uma colisão com a Terra. No caso de um objeto apresentar
várias passagens próximas à Terra, ele receberá uma classificação para cada
passagem. É importante salientar que esta é uma escala de previsão e não de
resultados (como a escala Richter, por exemplo) e que, portanto, um objeto
inicialmente classificado em uma categoria maior ou igual 1 pode mudar de
classificação com o passar do tempo em virtude de novas observações, obtenção
de dados mais precisos, etc. Entretanto, dificilmente, um objeto classificado
como 0 (zero) terá sua classificação alterada. |