O Céu e a Iluminação Artificial por Regina Auxiliadora Atulim
O céu é uma imensa obra de arte, uma gigantesca tela onde os povos antigos registraram seus mitos e suas crenças para transmiti-las às gerações futuras. Durante milênios, a mais democrática obra de arte da natureza permaneceu intacta: de morada dos deuses passou a panorama de sonhos e aventuras, sempre disponível a todos que quisessem estudá-la ou simplesmente contemplá-la. Durante milênios, o Homem aprendeu nesse grande livro os mistérios do Universo. Num grande salto de evolução, construímos máquinas que nos aproximaram do céu: telescópios, espectroscópios, naves espaciais. De espectadora dos anseios humanos, a grande tela passou a ser um caminho para outros mundos. Insaciáveis, empenhamo-nos em conquistar o espaço e descuidamos de nosso maior patrimônio.
A poluição luminosa é qualquer efeito prejudicial causado ao meio ambiente pelo excesso ou má utilização de luz artificial. Ela não prejudica somente a observação do céu, mas causa também danos econômicos, ambientais e à saúde das pessoas sendo também, por esses motivos, desejável combatê-la.
"céu austral com mais estrelas" É a campanha do Observatório Céu Austral para minimizar os efeitos da poluição luminosa no céu do Brasil. Há quem diga que o céu austral é mais estrelado que o céu boreal. Para tirar a dúvida, precisamos combater a PL na América do Sul, unindo nossos esforços a outras instituições irmãs nesta luta. Acesse o link para participar!
Alguns dos efeitos indesejados da poluição luminosa: alteração do período de fotossíntese/respiração das plantas; alteração da polinização de plantas devido à diminuição dos insetos; desorientação das aves migratórias; restrição de movimento de animais de hábitos noturnos; morte de animais que se chocam com obstáculos devido ao excesso de luz; aumento da fadiga, insônia e estresse (inclusive das pessoas); proliferação de cupins, moscas e pombos; desperdício de energia elétrica; falsa sensação de segurança;
Embora a solução para a maior parte do problema esteja nas mãos do Poder Público, cada um de nós pode contribuir com atitudes simples.
Atitudes para minimizar a Poluição Luminosa: não deixar luzes acesas sem necessidade; utilizar luminárias que direcionem o facho de luz somente para baixo; evitar o uso de iluminação no interior de jardins, de moitas e das copas das árvores; não utilizar holofotes voltados para as fachadas dos imóveis; evitar o uso de placas luminosas e outdoors que difundam luz para cima ou emitam luz diretamente sobre as pessoas; utilizar sensores de presença em garagens e varandas; utilizar dimmers em ambientes que não necessitam de forte iluminação constante; evitar o uso de iluminação de Natal, principalmente em contato direto com os caules e troncos de árvores; sensibilizar outras pessoas para o problema; difundir, quando possível, essas condutas em edifícios, condomínios, clubes, escolas, igrejas, etc; solicitar, sempre que possível, a substituição ou adequação das luminárias das ruas junto ao poder público; engajar-se em movimentos de combate à poluição luminosa;
A iluminação artificial externa é um recurso prático e necessário à vida moderna. Seu uso responsável implica em economia de energia elétrica, manutenção do ambiente noturno no interior das copas das árvores e em jardins e na diminuição da luz intrusa pelas janelas das casas. A sua utilização como elemento decorativo em projetos arquitetônicos deve ser revista e sofrer uma readequação, porque tão importante quanto a beleza é a saúde do meio ambiente, do qual todos os seres vivos fazem parte.
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